Vogue Sob Fogo Cruzado: A IA Impulsiona Padrões de Beleza Irreais e Ameaça a Indústria da Moda? 👗🤖

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O mundo da moda encontra-se no olho do furacão após a recente publicação, na edição de agosto da Vogue Estados Unidos, de um anúncio da marca Guess que apresentava uma modelo gerada por inteligência artificial (IA). Embora os editores da Vogue tenham esclarecido que a decisão de usar uma modelo de IA não foi deles, a reação dos leitores foi contundente e negativa, dirigindo suas críticas não apenas à Guess, mas também à própria revista.


A Controvérsia da Modelo Sintética

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O anúncio em questão foi criado pela Guess em colaboração com a startup francesa Seraphinne Vallora, cofundada por Valentina Gonzalez e Andrea Petrescu. O vídeo publicitário mostra uma loira esguia, inteiramente gerada por IA, posando impecavelmente na rua com um macacão e um vestido azuis. A perfeição da figura e do rosto da modelo, embora esteticamente agradável, levanta um dilema fundamental: ela é irreal, como aponta a BBC.


Dois Problemas Cruciais na Publicidade com IA

Especialistas da indústria da moda identificaram dois problemas principais decorrentes dessa tendência publicitária. Em primeiro lugar, a aparência "ideal" das modelos geradas por IA tem o potencial de estabelecer padrões de beleza ainda mais inatingíveis. Isso representa um retrocesso preocupante na já complexa conversa sobre inclusão e diversidade corporal. A modelo britânica Felicity Hayward expressou isso sem rodeios: "O uso de modelos gerados por IA é outro golpe baixo que atingirá duramente as modelos plus size". Esse tipo de imagem reforça a ideia de uma perfeição inatingível, o que pode ter consequências psicológicas graves.

Em segundo lugar, o apoio a esses experimentos com IA gera uma inquietação latente sobre o futuro profissional de muitos profissionais da indústria da moda. Fotógrafos, estilistas, maquiadores e, claro, as próprias modelos, enfrentam a ameaça de que as redes neurais lhes tirem suas oportunidades de trabalho. Se as marcas podem criar imagens perfeitas sem a necessidade de equipes humanas, o impacto no emprego pode ser devastador. Sarah Ziff, ex-modelo e fundadora da Model Alliance, alerta: "A IA pode ter um impacto positivo em nossa indústria, mas são necessárias proteções eficazes para os trabalhadores".


O Impacto na Percepção Corporal e a Reação do Público

A influência da IA nos padrões de beleza já é uma realidade palpável. A modelo e empreendedora Sinead Bovell destaca que "as jovens estão fazendo cirurgias plásticas para que seus rostos se pareçam na vida real como com um filtro. E agora vemos pessoas completamente artificiais". Essa idealização digital pode levar a uma dismorfia corporal severa, onde a realidade nunca corresponde às expectativas geradas pelas imagens sintéticas. Vanessa Longley, diretora executiva da Beat (uma organização de caridade dedicada aos transtornos alimentares), ressalta que "quando as pessoas veem imagens de corpos irreais, isso pode afetar sua percepção do próprio corpo. E percepções corporais negativas aumentam o risco de desenvolver transtornos alimentares".

A resposta dos internautas não demorou a aparecer. As críticas choveram tanto sobre a Guess quanto sobre a Vogue, com muitos apontando que a publicação de imagens geradas por IA retira o sentido da compra da revista. Comentários como "por que eu deveria comprar uma revista se posso gerar uma modelo e obter a mesma coisa?" ou a irônica referência a Miranda Priestly de "O Diabo Veste Prada" ("Miranda Priestly nunca faria isso") refletem um sentimento generalizado de decepção e desilusão entre os consumidores que valorizam a autenticidade e a representação real.

Andrea Petrescu, cofundadora da Seraphinne Vallora, defende o uso da IA, argumentando que toda a publicidade se concentra na "aparência ideal da modelo". Ela afirma ainda que sua empresa tentou criar modelos de IA mais inclusivas, mas que os usuários não mostraram muito interesse nelas, uma declaração que sem dúvida reacenderá o debate sobre a responsabilidade das marcas e a percepção do público.

Em suma, este incidente com a Vogue e a Guess colocou a ética da IA na indústria da moda no centro do debate. A linha entre a inovação e a promoção de padrões de beleza prejudiciais torna-se cada vez mais difusa, e a necessidade de regulamentação e de uma maior consciência sobre o impacto dessas tecnologias é mais urgente do que nunca.


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